Lecionar no Brasil – a opção dos sem-opções.

Com o dia do professor quase aí, ler uma coluna como essa é desesperador e,  mesmo tempo, confortante. Confortante por quê? Porque EU tenho essa opinião e é bom saber que não sou a única. É bom mesmo saber que outras pessoas têm consciência de que a coisa não tá andando como deveria. Desesperador? Sim, claro. Pretendo ter filhos e gostaria muito que tivessem educação de qualidade, como EU tive. Estudei em escolas públicas estaduais e me sinto ‘bem formada’. Meus professores eram exemplos a serem seguidos – com algumas exceções, como há em todos os casos. Foram eles que me levaram ao estudo durante três anos em um curso de licenciatura em Letras. Eu ainda acho que lecionar é trabalho que deve ser super mega exaltado. O que seremos em os professores? Mas, vamos combinar.. Qual é o incentivo que se tem para levar em frente salas de aula lotadérrimas, com um salário nada digno do esforço e dedicação e, além disso, ter que conciliar a tarefa ensinar + EDUCAR?

A infeliz realidade.

Assunto que dá pano pra manga. Ficamos na esperança de que ainda venham seres dispostos a enfrentar tudo isso e lutar pela classe.

ENCRENCA EDUCACIONAL, por Hélio Schwartsman

SÃO PAULO – Pesquisa da Faculdade de Educação da USP mostrou que quase metade dos alunos que ingressam nos cursos de licenciatura em física e matemática da universidade não estão dispostos a tornar-se professores. O detalhe inquietante é que licenciaturas foram criadas exatamente para formar docentes.

A dificuldade é que, se os estudantes não querem virar professores, fica difícil conseguir bons profissionais e, sem eles, o sistema de ensino brasileiro seguirá colecionando fracassos.

Embora exista muita polêmica sobre o que funciona ou não em educação, não há dúvida de que a qualidade do professor é fundamental. Trabalho de 2007 da consultoria McKinsey comparou sistemas de educação de todo o mundo e concluiu que o elemento de maior destaque nas redes de excelência era a capacidade de “escolher as melhores pessoas para se tornarem professores”.

Na Coreia do Sul, por exemplo, os futuros mestres são recrutados entre os 5% de alunos com notas mais altas no equivalente ao vestibular. Na Finlândia, os docentes são selecionados entre os “top ten”. Por aqui, segundo levantamento de 2008 da Fundação Lemann, apenas 5% dos melhores alunos do ensino médio pensam em abraçar o magistério. Ser professor no Brasil se tornou a opção dos que não têm melhores opções.

Resolver essa encrenca é o desafio. Salários são por certo uma parte importante do problema, mas outros elementos, como estabilidade na carreira e prestígio social, também influem. O tratamento quase reverencial que a sociedade coreana dispensa a seus mestres ajuda a explicar o sucesso educacional do país.

Essas considerações tornam difícil a situação do Brasil, que precisa transitar de um modelo em que os piores alunos viram docentes para um que prime pela excelência. E, como o deficit de professores já é enorme (200 mil só na área de exatas), teremos de achar um jeito de trocar o pneu com o carro em movimento.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/1168654-encrenca-educacional.shtml

Anna Motzko

Um pensamento sobre “Lecionar no Brasil – a opção dos sem-opções.

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